sábado, 18 de julho de 2015

Três anos de toda a vida

Dá cambalhotas para trás do sofá para o pufe no chão. Não gosta de laranjas e adora melancia e bananas. Gosta do ritual de comer uma maçã ao colo do pai, enquanto o vê a descascá-la devagar. Tem uma tara por facas e "pitolas", continua a gostar de balões, adora jogar à bola e dar saltos de cima do sofá para o pufe, mas nada bate as sessões de sofá a ver um filme ao colo do pai ou da mãe. O filme do momento é o Madagascar 2 (que andamos a ver em repeat há uns dias) mas já foi o Madagáscar, o Frozen (deito Elsa e Olaf pelos olhos...) e o Nemo. Ama de paixão o Homem-Aranha e é um castigo convencê-lo que as malditas t-shirts cheias de bonecada que lhe deram (e que eu não suporto de tão foleiras) são só para dormir e não para ir para a rua. Já largou a fralda durante o dia num processo que me surpreendeu pela rapidez e naturalidade. Já come sozinho sem se sujar mas continua a pedir "a mãe ajuda..." porque dá menos trabalho. E quando não quer comer mais, faz-me festinhas no braço e lança-me um sorriso capaz de derreter as pedras da calçada. Já vai para a cama sozinho e gosta de ouvir uma história para adormecer, agarrado ao seu inseparável panda ou ao peluche do M&M's amarelo que trouxe de casa do avô. Ainda não largou a chucha e desconfio que vai ser uma guerra... Fica no colégio (credo, tão snob que isto soa...) meio a choramingar, mas assim que viro costas vai brincar com o amigo Francisco. E quando o vou buscar conta o que fez e o que comeu, com um entusiasmo que me faz acreditar que tomei a decisão certa, e que ali ele (também) vai ser feliz. E mais certeza tenho quando, ao perguntar-lhe se quer voltar para a escolinha depois da praia, a resposta é um redondo "sim" com um sorriso de orelha a orelha. Ainda não tem o conceito de partilhar os brinquedos com os outros meninos, mas quando pede uma bolacha, pede sempre outra para dar ao pai. Usa a mão esquerda para comer e o pé esquerdo para chutar. É uma criança fácil de levar, vai testando os nossos limites e faz birras, claro (agora faz beicinho e diz "tô zangada contigo"...) mas é respeitador e antes de fazer alguma coisa fora do habitual, pergunta sempre "posso?". Constrói frases e gosta de conversar, quer saber o nome das coisas e faz um esforço cuidadoso para pronunciar bem as palavras. Sabe distinguir e enumerar palmeiras, oliveiras, eucaliptos, pinheiros e sobreiros. Aponta para os camiões e diz se são de mercadorias, de contentores, de gasolina ou sem reboque. É muito expressivo a nível facial, tem voz grossa que ecoa pela casa toda quando grita "mãiiiiiiiiiiiiiii", e mantém os olhos pestanudos e cor de céu que vão fazer (já fazem...) derreter muitos corações. Adora multidões, ver muita gente e muito trânsito, delicia-se a passear em lojas e centros comerciais (para grande desgosto do pai), e o melhor programa que lhe podem dar é levá-lo a passear de carro. Continua a ser um (vou conter-me para não lhe chamar bebé...) menino mimocas, que gosta de colo e de receber beijos, não gosta de estar sozinho e anda atrás de nós pela casa toda, já dá beijos e abraços se lhe pedirmos, mas quer-se vestir sozinho e é cada vez mais independente.
E eu vivo permanentemente nesta corda bamba entre o orgulho desmedido de vê-lo crescer forte, saudável e feliz, e a vontade irracional de querê-lo para sempre no meu colo, o meu menino doce e adorável.
Repito-lhe todos os dias a pergunta para a qual quero que ele saiba sempre a resposta, uma certeza inabalável que o acompanhe e o conforte:
"Quem é o amor pequenino da mãe?"
E ele responde-me baixinho, como se fosse um segredo que ele ainda não percebe que está estampado em cada sorriso meu, em cada olhar embevecido que lhe deito, em cada poro da minha pele que o envolve e embala e acarinha:
"É o Pêdo..."

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