segunda-feira, 6 de julho de 2015

Inevitável e incompreensível

Levar Peter Pan à Serra tem como consequência inquestionável um episódio de febre sem razão aparente, que surge de repente (já aconteceu ser logo na viagem de regresso) e desaparece com a mesma velocidade. Já pensámos se seria das várias horas de viagem fechado no carro, mas se fosse por isso, também tinha ficado doente quando fomos a Albufeira. Já me disseram que tem a ver com a diferença de pressão atmosférica e eu estou tentada a acreditar, porque não encontro outra explicação para que isto aconteça de cada vez que lá vamos. Por isso, quando no sábado à noite lhe senti as mãos a ferver, vi logo o que nos esperava, e no domingo já tinhamos contagens a rondar os 38º, o que, não sendo considerado febre numa criança, era o suficiente para a pele de Peter Pan queimar. Eu sei que isto é normal, que todos os putos têm febre, que 38º não é nada, beca, beca, beca... mas o Pedro nun-ca fica doente, o Pedro é rijo, e eu estou tão (bem) habituada a vê-lo saudável e aos saltos, que qualquer coisa abaixo disso me aflige. E quando hoje ao almoço a febre subiu de repente e o meu filho começou a tremer dos pés à cabeça, todo ele pele de galinha marmoreada de roxo; e quando à tarde a febre chegou aos 39.6º e o vi prostrado na nossa cama, de olhos vidrados e sem se querer mexer, o meu coração doeu. E isto não é metáfora, doeu mesmo, ainda dói quando tento respirar fundo. Dizer que fico doente quando vejo o meu filho doente parece exagero de mãe-galinha, mas é tão verdade e inevitável como a febre que ele ganha sempre que vai à Serra.  

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