É por isso que quando nos dizem “ele tem de ficar internado” encaro sem uma lágrima ou queixume. É por isso que vamos a casa buscar a bonecada toda dele e tudo o que o faça sentir mais confortável (há pouco comentava com o L. que acaba por ser uma sorte morarmos a 8 quilómetros do hospital, a qualquer hora posso ir a casa tomar um banho ou dormir umas horas sossegada – foi isso que fiz esta tarde quando fui rendida por ele, três horas de sono reparador com as pernas em cima de um monte de almofadas para tratar os pés inchados, coisa que não tinha desde que estive grávida. Ele só me respondeu que não quer pensar nisso como uma sorte, que não quer cá vir parar muitas mais vezes). É por isso que brincamos muito com ele e damos ainda mais colo do que é costume. Passeamos pelo corredor para ver o que se passa com aquele olhar cusco dele. Tratamos com simpatia e educação todos os que aqui trabalham. Dizemos-lhe que a doutora ou a senhora enfermeira são amigas e vão tratar dele e pô-lo bom. E mesmo quando vai levar uma injecção ou pôr um cateter, estamos lá com toda a calma e animação, dizemos que vai doer um pouco mas que passa logo a seguir, que está quase a terminar, que já acabou yupiiii!! Como ele ainda não percebe e tem memória de peixe, dizer ou não dizer vai dar ao mesmo, mas não deixo de o fazer, talvez não por ele mas por mim. Quando fôr mais velho logo se verá se funciona, mas acho que afirmar “não vai doer nada” não é boa política, porque ele vai sentir-se enganado e perder a confiança, e aí sim, ganha medo. E eu não quero que ele tenha medo de cuidar da sua saúde.
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