(Agora é esperar que me passe esta impressão de que sou a pior mãe do mundo…)
"Passou tudo tão depressa / nunca te falei de mim / o que digo não importa / o que sinto talvez sim."
domingo, 2 de junho de 2013
Baptismo de voo
Peter Pan sentado na cama de grades com a bonecada toda que trouxemos de casa à volta. Pai à frente dele a brincar, enquanto me ouvia contar a última conversa com a médica. Vira a cabeça na minha direcção, e no espaço de dois segundos, Peter Pan atira-se para a frente para apanhar qualquer coisa, falha a trajectória, dá uma cambalhota no ar e vem parar ao chão, amparado na queda pela perna do pai. Não tivemos tempo de fazer mais nada, de o agarrar, de o impedir. Nada. Ver o meu bebé a cair assim roça o terror puro. Pensamos que só acontece aos outros, e quando ouvimos histórias assim tendemos a achar que são exageradas, mas a verdade é que acontece em segundos e não dá tempo de reagir. Peguei-o logo ao colo, chorava desalmadamente de susto, duas enfermeiras vieram logo examiná-lo, levaram-no para o corredor para distraí-lo, eu tentava recompor-me e controlar o corpo que tremia todo, Peter Pan não acalmava porque estava ao colo de estranhos, pedi para mo devolverem “a mãe está calma?”, tenho de estar, ele precisa de mim, e realmente acabou por sossegar, percorremos com os olhos e os dedos o corpo todo dele, não, não tem nada, só um galo na testa, foi só o susto, já está baptizado.
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