(Não sei se era capaz de viver assim sempre. Mas não me importava nada de tentar).
"Passou tudo tão depressa / nunca te falei de mim / o que digo não importa / o que sinto talvez sim."
quinta-feira, 24 de julho de 2014
Só me falta mesmo o alpendre
O meu conceito de férias é isto. Acordar e ver o mar da janela do quarto. Tomar o pequeno-almoço no buffet cheio de coisas boas (e altamente calóricas), atravessar a rua e pisar a areia. Beber um café no bar da praia enquanto Peter Pan se entretém nos baloiços. Passar o resto da manhã na toalha, a brincar com uma bola, a fazer moches ao pai, a ver as ondas, a chapinhar na pequena lagoa que a maré cheia enche lá ao canto. Sair do areal quando o sol começa a aquecer demais a pele e parar numa esplanada para beber qualquer coisa à sombra e fazer tempo para a hora do almoço, enquanto Peter Pan volta aos baloiços e escorregas e até se esquece que nós existimos (ou então diz-nos adeus com a mão, o sacana). Almoçar num dos três restaurantes daquela rua sem saída, a única da Praia de Porto Novo, que tem praí cinco edifícios, e desses, três são hotéis e um é o hostel onde estamos (muito bem) alojados. Dormir a sesta com o meu pequeno buda, fazer tempo até o sol enfraquecer, voltar a atravessar a rua e repetir tudo de novo. Não fazer nada, absolutamente nada de produtivo ou útil à sociedade. Aproveitar a dolência de uma praia onde estão pouco mais de vinte pessoas, onde Peter Pan pode correr à vontade, onde o único som que se ouve é mesmo o das ondas porque o guarda-sol mais próximo está a muitos metros de distância, onde não há atividades nem planos e os únicos horários que nos preocupam são os das refeições do pequeno.
(Não sei se era capaz de viver assim sempre. Mas não me importava nada de tentar).
(Não sei se era capaz de viver assim sempre. Mas não me importava nada de tentar).
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