"(...) mas há um dia em que as peças todas do puzzle emaranhado que se foi espalhando por todo o lado - sem esperança de se encontrar a peça que o gato levou para brincar, que o bebé meteu na boca aflito dos dentes, o conjunto todo de peças que aparentemente não encaixavam umas nas outras -, há um dia em que tudo se encadeia, pim, pim, pim, zás e, nesse momento - digo-lhe isto com a mesma certeza de que é impossível manter os olhos abertos quando se espirra -, a mandíbula descai um bocadinho e o olhar eleva-se para o céu, e por breves momentos, penso que nem um segundo chega a passar, rebobinamos tudo para trás, todas as pequenas coisas vêm ao cimo como bolinhas de esferovite numa taça de água, e damos por nós, maquinais, magistrais a arrumar tudo no sítio certo para que possamos seguir em frente, e percebemos tudo, o porquê de tudo (...)".
(No parque de estacionamento da fábrica, a ler o resultado da análise de cinquenta euros que deixou de ser comparticipada pelo Estado, à luz dos faróis do Alfa e debaixo de uma chuva miudinha, no dia em que Portugal ganhou à Bósnia por 6-2, e em que o Estádio da Luz em peso cantou "A Portuguesa" a uma só voz, fazendo esquecer por instantes a crise e todas as (outras) tristezas...
62,76. O dobro da última vez. O número mágico que me fez acreditar que sim. Desta vez sim.)
(No parque de estacionamento da fábrica, a ler o resultado da análise de cinquenta euros que deixou de ser comparticipada pelo Estado, à luz dos faróis do Alfa e debaixo de uma chuva miudinha, no dia em que Portugal ganhou à Bósnia por 6-2, e em que o Estádio da Luz em peso cantou "A Portuguesa" a uma só voz, fazendo esquecer por instantes a crise e todas as (outras) tristezas...
62,76. O dobro da última vez. O número mágico que me fez acreditar que sim. Desta vez sim.)
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