Hoje, durante a visita ao avô dele (está internado desde quinta feira, e à pergunta "o que é que ele tem" o médico respondeu com a verdade crua "tem 91 anos") senti com mais força o pavor que tenho da decadência da velhice. Tenho medo de envelhecer. De o meu corpo deixar de me obedecer. De ficar dependente dos cuidados de outras pessoas. De perder o controlo da minha vida.
Isto não quer dizer que queira morrer jovem nem nenhuma estupidez do género. Acredito que todas as fases da vida têm o seu encanto e podem ser muito interessantes, e até agora não me posso queixar, as minhas têm sido vividas intensamente (a adolescência talvez tenha sido um bocado exagerada...) e sei que ainda tenho tudo para aprender e experimentar.
Mas já senti a minha própria mortalidade duas ou três vezes. Não consigo explicar como é, sei que aconteceu durante o sono ou ao acordar, num estado de torpor que amplia tudo. E nessas duas ou três ocasiões tive a plena consciência de que um dia ía morrer. Que ía deixar de respirar e de sentir. Foi um pouco assustador. Mas na verdade a morte não me mete medo. A dor, sim. O sofrimento mais ainda.
Saí do hospital mal disposta, fisicamente mal disposta, e vim para casa dormir no sofá durante 3 horas. Lembrei-me da A. dizer à filha para dormir quando tinha uma dor de barriga. Porque "quando acordares, já passou". É um bom conselho. Uma sesta cura (quase) tudo.
Sem comentários:
Enviar um comentário