Isto já vinha a ser falado, assim muito por alto, como uma hipótese longínqua a considerar mais tarde.
Fui eu que toquei no assunto primeiro, com muito cuidado, porque sabia que era tema delicado. Nós não somos assim. Nós não desistimos à primeira adversidade (nem à segunda, nem à décima...). Nós não largamos da mão aqueles que precisam de nós.
Mas ontem ele tomou a decisão que não podia mais ser adiada. Porque, por muito que nos liguemos a um ser, se esse ser nos faz mal, mesmo que involuntariamente, não podemos continuar a viver com ele. A nossa saúde está primeiro, por mais que nos custe a separação.
Ele passava o dia todo bem, onde quer que estivesse, mas assim que entrava em casa começava a espirrar, e a bomba de asma já era a sua companhia preferida. A alergia dele vinha a piorar a olhos vistos, principalmente desde que eu deixei de poder tomar conta delas (com o perigo da toxoplasmose não brinco).
Hoje demos as nossas porcas-da-India. Tivémos a sorte de uma empregada da clínica veterinária onde levávamos os nossos bichos ter aceite de imediato ficar com as duas, sem as separar. Ficámos mais descansados porque temos confiança que vão ser bem tratadas. Vão ter muito colinho. Mais do que aquele que tiveram nos últimos meses. Porque eu não lhes podia tocar desde que engravidei. E ele espirrava descontroladamente quando se aproximava delas, e passava um mau bocado sempre que mudava a gaiola.
Sabemos que fizémos o que tinha de ser feito, pelo nosso bem mas também pelas bichezas, que merecem quem possa dar-lhes tudo a que têm direito, e que não se resume a comida e água. Merecem festas, colo, muita atenção.
Agora a casa está mais vazia, e já não se ouvem huin-huins de cada vez que abrimos a porta do frigorífico. Mas também não se vão ouvir tantos espirros, e se tudo correr bem, a bomba da asma vai ficar encostada a um canto brevemente.
Há muito tempo que não te visitava, Rosa Negra. Que bom rel(v)er-te tão feliz. Que tenhas uma boa hora, como eu tive as minhas. Felicidades!
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Muito obrigado, San, a quantidade de palavras escritas tem sido inversamente proporcional à minha felicidade (e sono) ;))
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