domingo, 15 de abril de 2012

Como explicar?

Como se explicam seis meses de emoções em crescendo? Desde o medo quase descrente de um sonho demasiado bom para ser verdade, a esta certeza que se consolida a cada pontapé (ou cabeçada), a cada movimento cada vez mais forte e amplo que só eu sinto (porque Peter Pan gosta do calor das mãos do pai, e acalma sempre que ele tenta senti-lo a mexer, por maior que estiver a ser a sessão de full contact com o cordão umbilical). Como explicar que, quando estou a trabalhar e só preciso de utilizar o rato do portátil, a outra mão está constantemente em cima da barriga, como se inconscientemente quisesse protegê-lo do mundo? E a quantidade insana de festas que lhe faço, ou as conversas que tenho só com ele porque sei que já ouve a minha voz? Como explicar este orgulho deslumbrado de cada vez que vejo a minha barriga reflectida num espelho, e a convicção profunda de que nunca me sentíria completa se não tivesse tido a benção desta gravidez e a possibilidade de ser mãe? Ou a vaidade quase infantil de usar roupas justas para mostrar este estado de graça? Como explicar este amor que se vai cimentando a cada dia, ainda imaterial mas já tão à flor da pele, tão presente como a consciência do coração minúsculo que bate dentro de mim, do pequeno ser humano que será para sempre nosso, o nosso filho, a ligação mais visceral e o amor mais puro?
Como explicar que já sou dele, que o meu coração já lhe pertence?




(Agora sim, podem chamar-me bola com pernas...)

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