"Ele - não percebes, filha?! 'atão eu explico-te: tu não tens campainha na porta de casa, mandas mensagens e 'tás-te cagando se te respondem ou não e só respondes quando queres, tens os armários da cozinha todos escritos e cheios de fotografias das viagens e cheios de bilhetes de aviões e merdas de bilhetes de óperas e museus e o caralho, obrigas-me a andar descalço cá em casa, para todo o lado se lê coisas nas paredes da tua casa que uma pessoa até endoidece, trabalhas quando queres, não tens televisão nem meo nem nadinha, não há uma puta de mesa e cadeiras para se comer nesta casa, as pessoas sentam-se no chão e almofadas e 'tá aqui tudo à marroquino esticado que aquele até já ronca, deixas passar tudo o que é gente à tua frente na fila do aldi, 'tás-te cagando se te agradecem quando páras na passadeira 'pa deixar passar a puta da velha que eu tinha atropelado e sem remorsos, cumprimentas os teus vizinhos ucranianos em ucraniano, falas ao homem que 'tá a varrer a rua e ainda lhe perguntas p'lo cão, falas com os teus gatos em russo, e queres ter opinião sobre coisas da vida de verdade?!? Ó melhér, 'tá mas é caladinha, que tu és desenho animado."
* Ou Espreitar atrás das palavras (e deixar-me sorrir)
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