quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

O nosso Natal (I)

Quando comprei os voos para Manchester a ideia era ir ver a minha família, passar o dia de anos da minha afilhada, e levar Peter Pan no seu primeiro voo internacional.
Quando o meu irmão me ligou a dizer que vinha embora, e se eu não me importava de trazer os putos de avião no regresso, o meu coração respirou de alívio. Sabia que ele não estava feliz. Sentia-o na voz dele, sempre que falávamos ao telefone. "Tudo acontece por uma razão". Se nunca tivessem ido, se não tivessem arriscado, ficaríam sempre a teimar como tería sido, se era uma oportunidade de vida ou um engano. Assim, arriscaram, e aprenderam que o dinheiro que se ganha, por mais que seja, não compensa as saudades da família, a companhia dos amigos, a luz do sol e dos corações que país nenhum consegue imitar. O dinheiro não é tudo. E há lições que só se aprendem na pratica.

Peter Pan quis fazer o saco dele três dias antes da viagem, andava excitado e aos saltinhos, e mesmo com todos os tempos de espera no aeroporto, portou-se como um homem em miniatura, e voltou a sentir as borboletas na barriga da descolagem, sorriso rasgado e olhos esbugalhados em direção às nuvens.



(Que seja a primeira de muitas viagens que faças pelo mundo fora, meu amor...)

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