No primeiro dia do ano, sem pré-aviso nem sugestão, Peter Pan deixou de usar chucha.
No primeiro dia do ano, sem ninguém pedir nem pressionar, Peter Pan decidiu por ele próprio que já não queria mais. Que já não precisava. Que já era crescido.
(O meu coração divide-se entre este orgulho desmedido por cada conquista alcançada, e esta pontinha de saudade do bebé rechonchudo que cabia inteiro nos meus braços. Sei que já não é esse bebé. Que tenho de dar-lhe asas para voar e descobrir o mundo por ele próprio. Sei que tenho de deixá-lo cair e ajudá-lo a levantar-se. Todas as vezes que forem precisas. Mas o instinto é mais forte e irracional, e estendo os braços para amparar-lhe cada queda, secar-lhe cada lágrima, beijar-lhe cada ferida e nódoa negra, dar-lhe colo, muito colo, sempre colo.
Sei que já não é o meu bebé. Mas será para sempre o meu amor pequenino).
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