sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Paralisar

Ver as imagens dos atentados em França entre a incredulidade por alguém ser capaz de praticar um ato tão bárbaro e desumano em nome de qualquer deus; o medo de que o mundo onde o meu filho vai crescer se esteja a tornar irremediavelmente neste palco sangrento e inseguro onde a paz é uma utopia; e a comoção pelos atos de generosidade e coragem de perfeitos estranhos que não se deixaram vencer pelo terror.
Perceber que podia ser eu ali. E que não podemos dar nada por garantido.



ZAZ
"Si"

"Se

Se eu fosse amiga do bom Deus
Se eu conhecesse as orações
Se eu tivesse sangue azul
O dom de apagar e refazer tudo
Se eu fosse rainha ou feiticeira
Princesa, fada, grande capitã
De um nobre regimento
Se eu eu tivesse o passo de um gigante

Eu colocaria o céu na miséria
Todas as lágrimas no rio
E floriria areias
Sobre onde a esperança voaria
Eu semearia utopias
Curvar-se seria proibido
Não desviaríamos mais os olhares

Se eu tivesse milhares e centenas
O talento, a força ou os encantos
Mestres, poderosos
Se eu tivesse as chaves de suas almas
Se eu soubesse pegar em armas
Ao fogo de um exército de titãs
Eu acenderia chamas
Nos sonhos apagados das crianças
Eu poria cores nas dores
Eu inventaria o éden
Sem contar com a sorte
Sem contar com as estrelas, com menos do que nada

Mas não tenho mais que um coração em trapos
E duas mãos esticadas feito galhos
Uma voz que o vento afasta pela manhã
Mas se nossas mãos nuas se parecem
Nossos milhões de corações juntos
Se nossas vozes se unissem
Quais invernos a elas resistiriam?

Um mundo forte, uma terra alma-gêmea
Nós construiremos sobre as cinzas
Pouco a pouco, migalha a migalha
Gota a gota e coração a coração

Pouco a pouco, migalha a migalha
Gota a gota e coração a coração"

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