Ficar na ronha na cama, envolvê-lo com os meus braços e dar-lhe beijos infinitos nas bochechas quentes e macias, sentir as mãos papudas no meu rosto e ver o sorriso maroto de quem quer palhaçada. Levantamo-nos devagar, tomamos o pequeno-almoço com toda a calma, saimos para a manhã fria e radiosa e vou negociando o corte de cabelo, os caracóis já deixaram de ser de anjo para serem uma juba de leão mal-amanhada. Paramos numa esplanada para beber café e a negociação continua difícil, respiro fundo e preparo-me para uma birra do tamanho de um comboio. Entramos na cabeleireira e vejo-o transfigurar-se num homem em miniatura, a serenidade em pessoa sentado ao meu colo, nem um ai, nem um gesto brusco, quieto a olhar para o espelho enquanto os caracóis caíam no chão e eu olhava fascinada para as feições do meu menino, realçadas pela leveza que a juba não deixava adivinhar. Passeamos num jardim e descobrimos um caramanchão lindo, passamos a pequena ponte sobre o rio (e fico de boca aberta quando ele me diz "mãe, é o rio Almonda, não é?"), e vamos almoçar mais cedo porque ele está em êxtase por ir ao restaurante.
Volto a ter o meu homenzinho ao meu lado, sentado muito direito na cadeira, a comer de faca e garfo. Pergunta muito sério "mãe, a sopa?", rio-me e respondo-lhe "agora safas-te da sopa, filho, comes ao jantar". Preparo-lhe um prato (com direito a batatas fritas), e mato saudades no buffet de sushi enquanto conversamos e vou respondendo às perguntas dele.
Páro a fitá-lo com atenção, Peter Pan é cada vez mais uma excelente companhia, conversador e curioso, e ver o mundo pelos olhos dele é uma descoberta e um desafio constantes. Voltamos para casa para a (sagrada) sesta, dele e minha, quase duas horas e meia que acabaram com muito mimo no sofá, abraçados e a dizer um ao outro "mãe, tu és linda" e "meu amor pequenino, tu és lindo". O resto da tarde foi passado entre o sofá a ver o Happy Feet ("o filme dos pinguins") e o tapete, a responder aos pedidos de Peter Pan "mãe, queres brincar comigo? Faz cócegas!!". Depois lembrei-me de ir ao sotão buscar a árvore de Natal, e foi vê-lo aos saltinhos de alegria enquanto via o "pinheirinho" de dois metros de altura encher-se de bolas e luzes, o final perfeito para um dia de pura meiguice.
Sem comentários:
Enviar um comentário