Hoje devia ter sido um dia feliz. O teu primeiro Dia do Pai. O sorriso escancarado do teu filho, com aquelas duas favolas a espreitarem na gengiva de baixo. Os saltinhos ao teu colo quando o colocas em frente ao espelho. Os gritinhos de satisfação quando lhe fazes cócegas. O cartão feito pela ama, pintalgado com as dedadas dele (diz que foi uma comédia conseguir que ele deixasse pintar-lhe o dedo) e com uma fotografia de olhos esbugalhados lá dentro. A t-shirt com o Rato Mickey com cara de mau, oferecida em nome dele. Hoje devia ter sido um dia de orgulho e alegria serena. Aquela que sentes todos os dias quando chegas a casa e olhas para ele. Consegue sempre arrancar-te um sorriso. Até mesmo hoje.
Mas não faz mal (quer dizer, claro que faz, mas tu percebes…) porque todos os dias são dias do Pai. Todos os dias são dias de ti. De sorrires ao ver o teu filho quando chegas do trabalho. De o passeares pela casa para que possa ver o mundo do alto do teu colo. De lhe dares banho e ensiná-lo a chapinhar. De descobrires novas formas de o fazer rir. E deliciares-te com o som de cada gargalhada.
O teu orgulho em ser pai transparece de todos os teus gestos, e é notado e gabado por todos os que te conhecem. Acredito que muitos dos teus amigos ainda se espantam com o pai babado que és. Não imaginavam que pudesses vir a ser assim. A tua fama de “feio e mau” precede-te. E como tu próprio dizes “eu só sou assim com o meu filho”. Carinhoso, preocupado, babado. Não me vou esquecer da manhã em que estava a preparar o saco dele para irmos passar o dia à praia, e tu te saíste com um “não te esqueças do protector solar dele!”. A sério, tu tens noção de quanto mudaste enquanto pai?
Tenho orgulho de ti. Já tinha orgulho no homem em que te tornaste. Tenho ainda mais no pai que és. Todos os dias.
(E onde quer que esteja, o avô Chico pode finalmente ver o bisneto).
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