domingo, 3 de abril de 2016

A saudade (ainda) dói

Sabes, no outro dia estava a ver um filme, uma daquelas comédias românticas tão minhas, chamava-se One Day, e numa das cenas do filme o tipo está desfeito com a morte da mulher, e não sabe como vai continuar a viver, e o pai diz-lhe para continuar a viver como se a mulher ainda fosse viva. Ele responde que não é capaz de fazer isso. E o pai cala-o com um "Claro que és capaz... o que é que achas que eu tenho feito nos últimos dez anos?"
É isto que tenho feito nos últimos dois anos, continuar a viver o melhor que posso e sei. A maioria dos dias é fácil, quase impensado, os minutos todos ocupados com a segurança das rotinas que se repetem, com a meiguice dos momentos em que o Pedro (ainda) me dá colo e mimo, com a pressa de querer fazer mais do que as horas permitem e não se compadecem com mau humor ou cansaço.
E depois há os dias gravados a lágrimas no calendário, aqueles em que a ferida sarada volta a doer; em que a cicatriz que já só é um minúsculo traço imperceptível ao olhar distraído, volta a latejar debaixo da pele; e que a eterna pergunta sem resposta volta a ecoar-me na mente, para embater no silêncio da tristeza da minha impotência: Porquê?



Ana Moura
"Tens Os Olhos De Deus"

(Letra e Música de Pedro Abrunhosa)

Tens os olhos de Deus
E os teus lábios nos meus
São duas pétalas vivas.
E os abraços que dás,
São rasgos de luz e de paz
Num céu de asas feridas,
E eu preciso de mais,
Preciso de mais.

Dos teus olhos de Deus,
Num perpétuo adeus
Azuis de sol e de lágrimas,
Dizes: ‘Fica comigo
És o meu porto de abrigo,
E a despedida uma lâmina!’.
Já não preciso de mais,
Não preciso de mais.

Embarca em mim,
Que o tempo é curto
Lá vem a noite
Faz-te mais perto.
Amarra assim
O vento ao corpo,
Embarca em mim
Que o tempo é curto.
Embarca em mim.

Tens os olhos de Deus,
E cada qual com os seus
Vê a lonjura que quer,
E quando me tocas por dentro
De ti recolho o alento
Que cada beijo trouxer.
E eu preciso de mais,
Preciso de mais.

Nos teus olhos de Deus
Habitam astros e céus,
Foguetes rosa e carmim,
Rodas na festa da aldeia
Palpitam sinos na veia
Cantam ao longe que ‘sim!’.
Não preciso de mais,
Não preciso de mais.

Embarca em mim,
Que o tempo é curto
Lá vem a noite
Faz-te mais perto.
Amarra assim
O vento ao corpo,
Embarca em mim
Que o tempo é curto.
Embarca em mim.

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