Ir fazer as contas ao valor de todas as prendas que comprei para oferecer este Natal é masoquismo (e ainda faltam as duas dele...). Sim, ía-me dando uma coisinha má, mas gosto de todo este ritual, de não fazer a mínima ideia do que devo comprar, de andar à procura daquele pequeno mimo que vai deixar cada um com um sorriso nos lábios, algo que tenha a ver com quem recebe, talvez algo que não comprasse para si próprio(a), mas que vai descobrir e apreciar. Não acredito naquelas pessoas que dizem que não gostam de receber prendas, não me venham com tretas, toda a gente gosta de sentir que é lembrado.
Há dias esteve cá em casa um conhecido dele, e depois de sair fiquei a saber que tinha vindo buscar uns jogos emprestados... para passar a noite de Natal. Eu sei que sou uma ave rara que ainda acredita no espírito de calor humano e partilha desta época, mas continuo a achar que esta é a festa da família (dos laços de sangue, e porque não dos laços de amizade que não raras vezes são até mais fortes), e continuo a viver estes dias com uma alegria infantil (mais serena do que quando tinha 4 ou 5 anos, mas ainda infantil).
Só me lembro de dois Natais tristes na minha vida: o primeiro quando tinha 7 ou 8 anos, o falecimento de uma tia no dia 21 de Dezembro, num estúpido acidente de carro, deixou um silêncio esmagador à mesa da Consoada. Se ela tivesse posto o cinto de segurança, tinha saído sem um osso partido sequer.
O segundo foi o ano passado. Mas por incrível que pareça foi mais animado que em casa do meu sogro, pelo que ele me contou. Se calhar devia tê-lo levado comigo. Para andar de madrugada à procura de cafeína ao som de Rouxinol Faduncho. E a beber shots de Vinho do Porto numa mesa improvisada no passeio em frente a casa. Animámo-nos como pudémos, fomos buscar força uns aos outros, e isso para mim... é o espírito de Natal.
Sem comentários:
Enviar um comentário