Gostava de o ajudar mas não sei como. Gostava de dizer as palavras certas na altura exacta, de lhe mostrar que é só uma fase, que vai passar, que tudo o que ele está a viver agora é uma aprendizagem, tem um propósito, mesmo que nem ele nem eu saibamos qual. "Tudo acontece por uma razão". Nem que a razão seja mostrar-lhe o quanto o amo, qual o meu limite, o que é que eu aguento ao lado dele, e tenho aguentado tudo, e pretendo continuar com todas as minhas forças. Não é porque o amor resiste a tudo, é porque eu resisto a tudo ao lado dele, gostava de ser a força que o move, como ele consegue ser para mim. Mas ele fecha-se numa concha, não consigo chegar ao seu coração e à sua alma. Porque ele não deixa entrar ninguém.
Gostava que falasse comigo, que desabafasse, mesmo que não fosse comigo, com outra pessoa, acredito que lhe faría bem, mas ele não é capaz. Infelizmente, aprendeu muito cedo a esconder os sentimentos, foi a forma que ele encontrou de se defender, de se proteger. E nunca mais esqueceu, é instintivo, não cede. E quando quebra é sozinho.
"Vais fugir", disse-lhe quando senti que procurava uma desculpa para se afastar. E ele fugiu.
Vai voltar, volta sempre, procura a minha pele para adormecer, e eu tento esquecer a frustração de não conseguir sarar-lhe as feridas da alma.
Percebo que as coisas por aí continuam difíceis. Enfrentar a questão pelo diálogo seria bom para os dois, mais que não seja pelo efeito catártico.
ResponderEliminarNão é fácil lidar com conchas, nada fácil... Eu tenho três anos de experiência na matéria, que classificaria de traumática...
Seria bom ele perceber que não faz sentido proteger-se nem enconder-se de ti. Pelo menos de ti.
Bjs
viajante, já aprendi a viver com a concha há alguns anos, no meu caso não é um trauma, só uma preocupação.
ResponderEliminarAbraço
Sabes, quando aprendemos a viver assim não temos noção do que isso faz a quem está à nossa volta. Mudar é muito complicado. É quase como nascer de novo... Não, não é quase, é isso mesmo: nascer de novo!
ResponderEliminarmcg, continuo à espera desse renascimento, mas sem grandes ilusões. Respeito o espaço dele como ele respeita o meu. O mais importante é ele saber (e sabe) que, no dia em que quiser nascer de novo, eu estarei aqui para o ajudar :)
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