quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Mais do que olhar (Dubai V)










Já tinha lido sobre o sistema de segregação no metro do Dubai, mas não fazia ideia que era tão vincado. Existem carruagens exclusivas para mulheres e crianças, onde os homens não devem entrar. Existe uma linha cor de rosa no chão, a separar as duas áreas, e os homens fazem questão de não ultrapassar essa linha, e quando veem outro homem (turista, por exemplo) do lado "das mulheres", chamam-no para o lado deles, de uma forma educada. E assim vemos carruagens com metade do espaço ocupado por homens apertados, e a outra metade quase livre, com as mulheres confortáveis e cheias de espaço. Não é uma obrigatoriedade, as mulheres podem ir no espaço "dos homens", mas acaba por ser quase intuitivo ir para o espaço "dedicado". Mais do que uma discriminação, vi esta regra quase como uma proteção às mulheres, para que viagem em segurança e sem serem incomodadas. Claro que isto tem subjacente uma atitude completamente paternalista, e não muda em nada a minha visão de uma cultura que considera a mulher como um ser inferior. Mas enquanto mulher, estrangeira e loira,  só posso dizer que me senti completamente realmente segura aqui.

Não vimos a praia nem a Marina, não houve tempo para ir visitar a Mesquita de Abu Dhabi, nem fazer um safari com jantar no deserto, mas deu para conhecer um pouco desta realidade tão diferente daquilo com que me identifico, quer pela religião como pelos costumes; mas acima de tudo pela ostentação e pelo luxo desmedido (e tão desnecessário).  E não podíamos acabar a viagem sem comer camelo, num dos poucos restaurantes que servem esta carne escura e um pouco esponjosa, o Local House, e sem sermos quase convidados a sair porque o pessoal queria fechar o restaurante (já se está a tornar um clássico).

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