sábado, 17 de novembro de 2018

Gravar na pele

A escolha do dia não foi inocente. Como não podería ser, por todo o simbolismo que sempre associei a este momento. Há um ano atrás, nesta data, senti o meu coração rasgar-se em bocados. Uma ferida aberta que vai sarando, pouco a pouco, mas que deixará uma cicatriz eterna, que ninguém vê, mas que eu sinto e sei que lá está, para me relembrar dos erros que não quero repetir.
Assim como as tatuagens que acabei de fazer, ficarão gravadas na pele, para me recordar a força que não imaginava ter. A frase que me acompanha desde sempre, uma espécie de fé que até hoje só não me serviu na morte dos meus pais, mas que em tudo o resto tem sido uma âncora e uma bússula, um ponto de luz nas noites mais negras.
E Peter Pan. Meu coração, alegria de viver, fonte de coragem em cada dia. Meu tudo. Três dedos abaixo do umbigo, e três dedos para a direita. No local exato onde dei a mim própria tantas injeções de hormonas para poder tê-lo, para cumprir o maior sonho que já tive; está agora eternizada a imagem do menino que nunca cresceu.



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